Causas e tratamento
Se a placa dentária não for regularmente eliminada, as bactérias envolvidas multiplicam-se sob as gengivas causando a inflamação das mesmas, a que se dá o nome de gengivite. No entanto, uma higiene oral insuficiente nem sempre justifica a extensão das lesões...
Diversas doenças felinas podem favorecer o aparecimento de uma gengivite, pelo que é essencial um exame veterinário geral ao estado de saúde do gato.
Lesões, por vezes, muito extensas
Uma gengivite caracteriza-se por lesões avermelhadas e, por vezes, ulceradas nas gengivas, mas pode ser mais abrangente: quando o interior das bochechas, a língua ou o palato do gato são também afectados, passamos a falar de gengivo-estomatite.
Em certos casos, as lesões são acompanhadas de uma destruição importante de tecidos, ficando com um aspecto impressionante. Mesmo os gatos jovens podem apresentar este tipo de lesões.
O envolvimento dos vírus
Os vírus que causam doenças respiratórias (como a coriza) podem favorecer o aparecimento de uma gengivite: por exemplo, os calicivírus são quase sempre encontrados em gatos com gengivo-estomatite crónica.
Os vírus imunossupressores, como o FIV e o FeLV, estão também frequentemente implicados nas afecções bucais. Os gatos infectados apresentam ocasionalmente surtos inflamatórios, com presença de gengivite.
Um problema imunitário?
A floral oral do gato é composta por mais de 600 espécies bacterianas que vivem normalmente em equilíbrio. Quando o sistema imunitário do gato está alterado ou deficiente, o sistema de defesa local é incapaz de controlar o desenvolvimento destas bactérias, resultando numa proliferação descontrolada de germes potencialmente agressivos para as gengivas.
A incapacidade do gato apresentar uma reacção de defesa eficaz ou suficiente face às agressões bacterianas e virais aparenta ser um factor determinante nas gengivites crónicas ou reincidentes.
Tratamentos, tanto médicos como cirúrgicos
No caso de gengivites graves, as extrações dentárias são geralmente incontornáveis porque os tecidos de suporte da dentição estão afectados a ponto de fragilizar os dentes. Simultaneamente, é implementado tratamento médico para diminuir a inflamação e conter as infecções gengivais.
Muitas vezes é essencial um tratamento antibiótico prolongado, que será substituído pela aplicação local de um antisséptico oral (à base de clorexidina, por exemplo), ao longo da fase de convalescença.
Estimular o apetite do gato
Controlar a dor é essencial para encorajar o gato a voltar a comer normalmente. O regresso à alimentação deve ocorrer o mais cedo possível para atenuar o debilitado estado de saúde geral do gato causado por uma diminuição crónica do apetite, consequência das dores bucodentárias. O consumo espontâneo de alimento pelo gato pode igualmente ser estimulado recorrendo a um tratamento ansiolítico.
Esta fase é sempre complicada uma vez que a dor facilita a ocorrência de reacções de aversão alimentar: o gato tende a associar a sua dor ao alimento que lhe é oferecido.
Uma boa higiene dentária contribui para evitar que as bactérias presentes na cavidade bucal estejam na origem de uma gengivite, ou até de infecções noutras partes do corpo. As gengivas são, na realidade, tecidos muito irrigados, pelo que o sangue pode transportar as bactérias para os rins, pulmões ou coração. |