As afecções dentárias são frequentes nos gatos, mesmo quando são jovens: mais de 60% dos gatos apresentam sinais de afecção dentária.
Um gato é geralmente discreto quando sofre com alguma dor em qualquer parte do corpo, como se tivesse medo de admitir a sua fraqueza e isso o colocasse em perigo. Quando nos apercebemos que algo não está bem, já o gato sofre há muito tempo. Isto é particularmente verdade nas dores bucodentárias. Vamos estar atentos e cuidar desde cedo dos dentes dos nossos gatos.
As afecções dentárias são frequentes nos gatos, mesmo quando são jovens: mais de 60% dos gatos apresentam sinais de afecção dentária1. Estas afecções são geralmente dolorosas.
Um gato que come menos e que emagrece
Se o seu gato demora muito tempo a comer os seus croquetes, se o vê salivar em demasia quando come, se come menos e emagrece, pense que ele pode simplesmente ter um problema dentário. As dores dentárias prejudicam imenso a qualidade de vida do gato, tornando-o triste e apático.
Se o seu gato recupera repentinamente o apetite quando lhe apresenta alimentos que não necessitam de ser mastigados (alimentos húmidos em saquetas ou latas), então a hipótese de problemas dentários é reforçada…
Presença de tártaro?
Quando um cão apresenta tártaro, é impossível não nos apercebermos: o depósito de matéria amarelada é bem visível sobre os dentes e o seu mau hálito empesta a atmosfera de cada vez que abre a boca! Com um gato, pelo contrário, a situação evolui muito discretamente, como sempre tudo sucede com esta espécie. Por isso, é essencial estar bem atento para vigiar o estado da boca do gato pois as consequências de uma acumulação de tártaro no gato são ainda mais graves do que no cão.
Presença de gengivite?
Ao depositar-se sobre e entre os dentes, o tártaro tende a empurrar as gengivas, provocando uma inflamação. É o que se chama de gengivite, detectável por uma margem vermelha na borda das gengivas. O revestimento das gengivas fica, por vezes, tão irritado que pequenas úlceras vermelhas brilhantes podem ser visíveis na base dos dentes. No entanto, não é fácil identificá-las quando se desenvolvem na parte posterior da boca, ao nível dos pré-molares e molares.
Dentes lassos?
Quando as bactérias se infiltram sob as gengivas, ao nível das raízes, o osso e os ligamentos que mantêm os dentes no lugar são atacados e os dentes começam a mover-se ou mesmo a soltar-se. Chegamos então a uma fase irreversível e esta "doença periodontal" ameaça a saúde geral do gato.
A proliferação de bactérias sob as gengivas também pode levar a complicações à distância, quando germes perigosos se difundem na corrente sanguínea. A doença periodontal pode, assim, ser responsável pelo desenvolvimento de infecções cardíacas ou renais.
Um exame veterinário impõe-se
Se sentir dor, o seu gato não permitirá que lhe inspecione o interior da boca. É melhor que um médico veterinário o examine pois poderá tranquilizá-lo previamente. Também confirmará se a inflamação oral não está relacionada com uma doença geral, como a diabetes mellitus, problema renal ou hepático.
Durante a consulta, o veterinário pode realizar a destartarização e o polimento dos dentes do gato sob anestesia. Em alguns casos, a extração dos dentes mais danificados é indispensável.
Às vezes, ficamos surpresos com a mudança no comportamento de um gato depois de receber a higiene bucodentária adequada. Ele vive novamente...
Os gatos de focinho curto (ex: Persas, Exótico de pêlo curto…) apresentam muitas vezes anomalias na implantação dos seus dentes o que favorece a acumulação de resíduos alimentares e, consequentemente, a proliferação bacteriana entre os dentes. |
1. BELLOWS J., « Prevalence of oral disease », Today’s Veterinary Practice, 2016 : https://todaysveterinarypractice.com/wp-content/uploads/sites/4/2016/05/TVP_2016-0102_Banfield.pdf